Francisco Olympio da Silva (Rio de janeiro, 24 de julho de 1833 – Aguê, 1907) partiu para África aos 17 anos como tripulante de um navio pertencente a Cerqueira Lima, negreiro baiano, tendo desembarcado em Adina, na costa do atual Gana. 1 No final da década de 1850 transferiu-se para Agouê, depois de uma temporada na cidade de Agbodrafo, também conhecida como Porto Seguro, no atual Togo. Em Aguê foi recebido por Iyá Francisca Mondukpê Pereira Santos2, tendo se casado com sua filha Talita Constância.
Proprietário de grandes plantações, Olympio teve de abandonar o tráfico negreiro para dedicar-se ao comércio legal nos anos sessenta, tendo se tornado um dos maiores comerciantes da Costa. Nos seus 74 anos de vida, sem ter jamais retornado ao Brasil, Francisco Olympio teve 21 filhos de sete esposas, bem como outros filhos naturais a quem ele deu também o seu sobrenome.3 Ensinou português a todos os seus filhos, sendo que alguns vieram estudar no Brasil.
A sede da família se encontra até hoje em Aguê4, cidade cujo cemitério abriga os túmulos do fundador e da maior parte de seus descendentes diretos, mas foi na região que é atualmente a República do Togo que os Olympio se estabeleceram e adquiriram uma imensa notoriedade. De fato, o primogênito de Iaiá Talabi Constancia Pereira dos Santos, Octaviano Olympio (1859-1940), foi um dos fundadores da cidade de Lomé, onde ele mantinha várias plantações. Quando os alemães se instalaram no Togo, foi Octaviano quem os recebeu e traduziu as suas propostas para os chefes locais. Ele também fabricou os tijolos, forneceu os operários e administrou as obras de construção dos primeiros edifícios coloniais de Lomé. Considerado como o patriarca de Lomé, Octaviano Olympio foi, até a sua morte, a mais importante personalidade política togolesa do período colonial. Um de seus filhos, chamado Pedro, foi o primeiro togolês a se formar em medicina e abriu, na década de 1930, a primeira clínica privada africana no país.
Sylvanus Olympio, um dos trinta filhos de Epiphanio Olympio, irmão de Octaviano, foi o primeiro presidente da Assembleia Representativa do Togo, ainda sob administração francesa, bem como o principal instigador da independência do país, antes de tornar-se o primeiro Presidente da República do Togo. Nacionalista ferrenho, foi assassinado por um grupo de militares amotinados, nos jardins da embaixada dos Estados Unidos em Lomé, no dia 13 de janeiro de 1963.
Apesar guardarem suas origens brasileiras, como demonstra a lápide do patriarca, refeita nos anos 1990, e de se comportarem socialmente como aristocratas ocidentais, como vemos nas fotos da recepção ao pesquisador, em 1995, os Olympio são firmes em defender seu pertencimento à nação togolesa. O Dr. Bebi Olympio, neto de Octaviano e um dos mais eminentes juristas do país, escolhe com cuidado as palavras: “Nós sabemos – diz ele – que nosso bisavô veio do Brasil e casou-se aqui com mulheres africanas, mas nós nos sentimos completamente integrados como africanos. Nós não temos o sentimento de pertencer a um outro povo, a uma outra nação. De jeito nenhum. Nós vivemos como africanos, a história não pára. Não fazemos um culto de nossa origem brasileira.”
Francisco Olympio (álbum da família Olympio) - s/d
Francisco Olympio da Silva (álbum da família Olympio)
Francisco Olympio da Silva em Aguê, no começo do século (álbum da família Olympio). - s/d - Aguê, Benim
Sopeira e prato em porcelana, personalizados com o nome de Francisco Olympio da Silva, quando ele morava em Agbografo (Porto Seguro) e usava ainda o sobrenome Da Silva (acervo da família). - 10 de junho de 1995 - Lomé, Togo
Epiphanio Olympio (álbum da família Olympio) - s/d
Epiphanio Olympio (álbum da família Olympio) - s/d